Quando considerar um Plano de Rigging para Içamento crítico?
Esta é uma das perguntas mais frequentes que ouço nos meus treinamentos de Planejamento de içamento e consultoria de movimentação de carga e que não possui uma resposta única definitiva. O porquê é simples: os planos de rigging são usados como um meio de mitigação de riscos, para proteção das pessoas, da carga, da propriedade e equipamentos localizados na circunvizinhança da área do trabalho. O içamento pode ser realizado de forma segura, mas isso depende muito das características específicas do içamento e como ele é planejado.
Assim, como saber quando um içamento possui um potencial extra de risco?
Existem algumas fontes que podem ajudar a responder esta pergunta. Normas como a CSA Z150 e a ASME P30.1, são ambas uma excelente fonte de consulta. Cada norma tem uma lista de práticas recomendadas que você pode usar para exercer diligências em seu planejamento de rigging.
Abaixo, estão algumas atividades comuns, que você pode considerar ao decidir se um plano de rigging crítico é necessário, qualquer que seja o projeto que você está trabalhando.
Estas recomendações são baseadas na minha própria experiência profissional em conjunto com a literatura disponível e as normas aplicáveis.
Ao avaliar seu içamento, você deve considerar:
1) Quando existem riscos potenciais para a área de trabalho
É o solo/piso estável o suficiente para o guindaste e a carga?
Os “outriggers” podem ser devidamente estabilizados?
Existem linhas de energia ou outras estruturas presentes na área de operação?
Você pode manter uma distância segura de potenciais obstáculos?
Existirá um impacto ambiental se houver interferência com tubulações próximas, tanques, unidades de armazenamento de produtos, etc.?
2) Quando há um risco potencial para as pessoas
Isso pode se relacionar a qualquer perigo potencial envolvendo pessoas.
Pessoas estão sendo içadas numa cesta?
A carga a ser movida ou suspensa passará sobre áreas públicas em geral?
São necessárias medidas adicionais para garantir a segurança do público em geral?
Há um risco ambiental ou químico para o público, se a carga cai?
3) Quando há um risco inerente da própria carga
A carga pode ser potencialmente instável devido a forças dinâmicas?
A forma, tamanho ou peso da carga cria um risco de alguma forma?
A natureza da carga (ou seja, é inflamável?) representa um risco?
4) Quando as condições ambientais tem um efeito adverso sobre o içamento
Existe risco de vento forte, chuva, neblina e etc.?
A temperatura ambiente pode afetar o manuseio da carga?
É um içamento diurno ou noturno?
O içamento está sendo feito de um tipo de superfície de apoio para outro (ex: da terra para o mar, do mar para a terra, mar para mar)?
5) Quando o manuseio da carga e a capacidade da amarração são uma preocupação
O peso da carga é significativo comparado com a capacidade do guindaste (F.U.) e a amarração?
Há risco de carga dinâmica?
A informação do peso da carga é exata/confiável?
É necessário mais de um guindaste para içar a carga? Em caso afirmativo, como você planeja a sequência do içamento?
O equipamento está devidamente certificado?
6) Quando a falha pode ter um grande impacto financeiro
Se ocorrer um acidente, como será afetado o cronograma da obra?
A carga é facilmente substituível?
Qual é o custo potencial de danificar acidentalmente qualquer estrutura nas proximidades?
Isso não é uma lista fechada e você pode precisar considerar outros fatores. Se durante a sua avaliação, você identificar quaisquer desses riscos potenciais como sendo significativo, então pode ser prudente um Planejamento de içamento crítico.
Camilo Filho é engenheiro mecânico, especialista em içamentos pesados, com mais de 35 anos de experiência em operações com guindastes e movimentação de carga. Com vários cursos na área feitos no exterior, é responsável por vários trabalhos de grande envergadura no Brasil e no exterior. Atualmente é consultor da IPS Engenharia de Rigging e membro da ACRP (Association of Crane & Rigging Professionals-USA). Sugestões e comentários enviar para camilofilho@hotmail.com